Ora, pois quem são os escravos de agora?
Dos quais Castro Alves teria pena?
São os descendentes dos de outrora?
Ah, como pesam os grilhões!
Ah a saudade de ser livre!
Corre, dragão dos céus!
Corre, desvia dos malditos arpões!
Viva! A morte te libere e da vida te prive.
Tira de teus olhos estes véus!
Pois mais vale o frio beijo da morte
que o ardor de viver sem liberdade!
Ora, malditas feras de concreto e ferro,
devoram homens e cospem máquinas.
Arrancam dos homens o coração
Nos torturam até o último berro
Ah filhos da tormenta de lágrimas
Permitem aos homens o prazer da negação
Guerra de almas, horror das fábricas...
Acorde, maldito forasteiro! Arranque as amarras!
Roupas pretas de linhos riscado
Pesadas máscaras de seda lustrada
Profundos olhos opacos e frios
Diferente dos mortos, cujos olhos sorriem
Rasga tua alma, deixa pra trás a amada
Esqueça o mundo e teus filhos
Pois tu à vida não pertence, a morte é o teu além
Liberta-te das correntes de Prada!
Oh burguês desvaecido
Manda pr'outro mundo seu tormento!
Tu és o maldito prisioneiro
És a cortesã de toda essa prata
Pensas que o dinheiro é amigo?
Ha! Olhe ao redor, quem sorri ao vento?
Por acaso és livre? Ou apenas outro estancieiro?