domingo, 3 de setembro de 2017

Les hommes d'argent

Ora, pois quem são os escravos de agora?
Dos quais Castro Alves teria pena?
São os descendentes dos de outrora?

Ah, como pesam os grilhões!
Ah a saudade de ser livre!
Corre, dragão dos céus!
Corre, desvia dos malditos arpões!
Viva! A morte te libere e da vida te prive.
Tira de teus olhos estes véus!
Pois mais vale o frio beijo da morte
que o ardor de viver sem liberdade!

Ora, malditas feras de concreto e ferro,
devoram homens e cospem máquinas.
Arrancam dos homens o coração
Nos torturam até o último berro
Ah filhos da tormenta de lágrimas
Permitem aos homens o prazer da negação
Guerra de almas, horror das fábricas...
Acorde, maldito forasteiro! Arranque as amarras!

Roupas pretas de linhos riscado
Pesadas máscaras de seda lustrada
Profundos olhos opacos e frios
Diferente dos mortos, cujos olhos sorriem
Rasga tua alma, deixa pra trás a amada
Esqueça o mundo e teus filhos
Pois tu à vida não pertence, a morte é o teu além

Liberta-te das correntes de Prada!
Oh burguês desvaecido
Manda pr'outro mundo seu tormento!
Tu és o maldito prisioneiro
És a cortesã de toda essa prata
Pensas que o dinheiro é amigo?
Ha! Olhe ao redor, quem sorri ao vento?
Por acaso és livre? Ou apenas outro estancieiro?