quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Deslumbre

Seus cabelos são finos fios de ouro que sob a luz ofuscam o sol.
Seus olhos do azul mais profundo que me lembram o céu.
Neles tomo forma de pássaro e voo para bem longe daqui.
Sua alma eu encontro e com ela eu danço uma canção sem fim.
Não me lembro do mundo, não me lembro de nada, só penso em você.
E em meus pensamentos apenas me lamento de não poder te ver.

domingo, 20 de setembro de 2015

Ocaso

Morte se faz em vida
Vida se faz em morte
Como a árvore florida
E o acidente de má sorte

Flores brancas e opacas
Capô negro e brilhante
Copa de folhas brancas
Dia que se torna assombrante

A primavera que dá vida
Agora também a tira
Morte agora é, a vida antes florida

O céu que a vista mira
Antes calmo, se torna partida
E agora se finda em ira

Rosa Retórica

Flor que de espinhos é coberta 
Pétala de seda asperosa 
Aroma doce que a todos alerta 
Sua essência bela e formosa

É frágil, oh delicada flor 
É ágil, e com feroz ardor 
Simples, de longe a mais complexa 
Sagaz, a muitos se anexa

Protetora, cuida dos que ama 
Ama, mas teme apaixonar 
Sintetiza da paixão toda a chama

Paradoxo permitido de se criar 
Sua índole aprova e aclama 
Todo aquele que a faz amar

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Saudade

Sinto saudade de teus olhos a me encarar na escuridão
Sinto saudade de teu cheiro maravilhoso que me faz enlouquecer
Sinto saudade de tua boca que me dá todo o prazer
Sinto saudade do teu beijo que me enche de paixão
Sinto saudade de teu corpo nas frias noites a esquentar o meu
Sinto saudade do encaixe perfeito que se faz entre você e eu

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Carta do arrependimento

Nas águas navego
Perdido em céu e mar
Todo o passado eu nego
Só a paz permito reinar

Toda luz que vejo
Brota de um desejo
Do seu simples sorrir

E todo o meu mundo
Fica moribundo
Sem a ti sentir

Caio nas águas da loucura
A procurar teu perdão
Me afogo em amargura
Perdoa-me, coração

quinta-feira, 9 de julho de 2015

Profecia

Profeta não sou
Mas cada fala adivinho 
O previsível retornou
E está tentando ficar sozinho

terça-feira, 9 de junho de 2015

Cego

Os olhos de um poeta cego
Contemplam não só nosso mundo
Como enxergam o universo do ego
E no ser humano veem algo ainda mais profundo

É mais sensível à beleza de tudo
E vê de fato aquilo que o rodeia
Não como o homem que além de cego é mudo
O cego sente o homem preso em sua própria teia

quinta-feira, 30 de abril de 2015

Indefinido

Colunas de mármore dourado
Destruídas e dispersas num céu azul

Gigantes de beleza declamável
E monstruosos em audácia

E é ai que me perco
Vislumbrando tal visão

É ai que me perco
Enquanto seguras minha mão

Decido não te contar
Mas meu coração triste está

Saio sem te acalmar
E te deixo bem ali então

Mas meu coração sozinho não está
Pois nessa imensidão
É onde deixei o meu amor
E é ali que volto a encontrar

domingo, 19 de abril de 2015

Senti

Senti o coração esfriar, o fogo se apagar.
Senti a seriedade me encobrir e a vida eu deixei de sentir.
Senti minha mente acalmar e eu pra minha armadura retornar.
Senti que não me importava mais em me abrir, que já não queria mais sentir.

sábado, 11 de abril de 2015

Onda

Distante do céu
Voando no mar
Da terra é véu
E lava o ar

Quebra o homem
E a si própria
Levando também
Toda a escória

Jogando com a Lua
Como meninos de rua
Tem poder esplendoroso
E desperta olhar curioso

Mística espuma branca
Força propriamente franca
Imenso corcel indomável
Por suas cores e formas amável

quarta-feira, 18 de março de 2015

Vítima

Em um verão escaldante em que o sol faz estalar o asfalto um padre caminha mansamente com um guarda-chuva para se proteger do sol. A noite anterior havia sido fria, nevara inclusive, e o padre dormira na igreja por conta da neve que cobria as portas e impedia sua passagem. por isso agora andava com seu sobretudo pelas ruas.
No dia seguinte seria o dia de exaltação à pátria e as ruas estavam lotadas de pessoas que tentavam se resolver para poder viajar já que até mesmo os bancos fechariam e o feriado duraria uma semana.
O padre, assim como os outros, precisava resolver os problemas do mês. Sentia o suor escorrer por seu corpo, seu único refresco. Esperava que ao chegar no banco poderia apreciar o ar condicionado. Já estava sentindo-se fatigado e começava a sofrer com a desidratação.
O banco, porém, estava com os ares condicionados quebrados e a multidão lá dentro fazia a sensação térmica aumentar ainda mais. Sem opção o padre continuou por lá. Passado meia hora o padre começou a sentir-se tonto, aguentou o quanto pode, mas agora sentia a gravidade da situação. Começou a olhar para todos os lados até que encontrou um banco e sentou-se. E então sentia o corpo amolecer e caiu, ninguém o notou. Caíra sobre o próprio corpo em silêncio, não desmaiara, achava que não. Veio então um cachorro até ele, não latiu, não emitiu sons, apenas se aproximou, o observou e lambeu sua testa. O padre notou que não tinha rabo, nem metade de uma orelha, era cego de um olho e tinha diversas cicatrizes pelo rosto, sua pelagem era castanha e carregada, aos olhos do padre era belo. Era de pequeno porte e tampouco o notavam.
E então alguém ali perto gritou por socorro, mas a audição do padre já estava falhando por causa da baixa pressão arterial e a voz parecia se distanciar, a visão estava turva e não conseguiu distinguir a forma da figura que se aproximou dele. Outro grito, sentia a pessoa mexer em seu corpo, talvez tirando o sobretudo, mas até mesmo seu tato estava atordoado. Sua cabeça foi erguida, água despejada em sua boca, sentiu-a molhar a garganta. Água derramada em seu corpo, refrescou-se.
Voltou a ver aos poucos. Uma bela ruiva prostrada à sua frente, era quem o estava ajudando, o cachorro a seu lado.
Ainda estava fraco, desidratado. A mulher não media esforços para ajudá-lo, o cachorro olhava-o com tristeza. O padre não entendia naquele momento, mas a vida saia aos poucos de seu corpo.
Estava em paz, não sabia o Porquê. Via a tristeza das pessoas, mas não as via. Sentia a decepção da mulher, mas não entendia. Sua vida já havia se esvairado, mas ele não percebia.
E foi assim que o calor fez sua primeira vítima, naquele dia.

Universal

Nuvens azuis num céu branco
O eclipse impede que o sol apareça
Mas sei que ele está ali, pois vejo o brilho que se projeta por detrás da lua.
Nas nuvens estouram raios e, estas, hora refletem o azul do céu, hora o verde da grama.
Nuvens translúcidas que deixam ver a alma, e me levam ao Nirvana nesses seus inigualáveis olhos.

Dupla Descrição

Diante de Dante dança Demócrito. Dança distante, dentro de domo destrutível. Dança descuidado, distraído desencadeia discórdia do destino. Derruba Dante diante de Deus. Discursa doença, dissemina desgraça.
Demônio desperto, desumano, desfruta da discórdia.
das dunas do desastre desperta. Dunas de desenvolvimento duradouro. Dos diversos dias decadentes descende deslumbrante dinastia. Do desenvolvimento desce demônio derrotado. Da desgraça decorreu desejo de disciplina. Do demônio decorreu desiludida desistência. De deus decorreram deveras dádivas de dimensões descomunais.
Do desfecho distorcido do descuido de Demócrito, desenvolvido das dunas do destino, designa desfecho deveras deslumbrante. Desfecho de dimensões desmensuradas. De diversas dádivas descomunais.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Progresso

Progresso, oh progresso, o que és tu?
Será sabido pela sociedade?
Será algo concreto?
Será surreal?
O progresso social levou às classes sociais.
Será tu, progresso, o causador da pobreza?
Não, causador da pobreza é o ser humano.
Pobreza é filha da ambição,
O sucesso de um leva à desgraça do outro.
Essa é a ideia da sociedade atual.
Então, será tu, progresso, algo real?

Mente humana

Por campos vazios caminha,
Mansos desertos de água tranquila.
Com homens e seres de grandes pesares,
Com vidas intensas vividas nos mares.
Plantas de carne, homens vazios,
Nuvens elétricas semelhantes a rios.
Correm crianças, de um lado pro outro,
E homens ousados, vivos e mortos.
Na imensidão fantasmas caminham,
Fantasmas do homem que eles habitam.
Mente humana, racional e impura,
Mente humana, imensa penumbra.

Pesadelo

Belo pássaro, pássaro belo,
Cores vivas que enchem os olhos.
Belo pássaro, pássaro belo,
Tão vivo quanto a morte em meus sonhos.

Ambição

Na penumbra da noite se ergue,
Grandes asas negras como carvão,
Invisível aos olhos, por seu caminho segue,
Negra, uma sombra na escuridão.
Está dentro de todo homem,
Fera voraz, um esplendor em negrume.