domingo, 3 de dezembro de 2017

A tortura da espera

Esquecidas memórias de um passado não vivido
navegam os ares do homem iludido
Perfeita imperfeição in natura é o humano
Desastrosa causa deste mundo profano

Padres se corrompem, negando sua Fé
Pássaros despencam no distúrbio da maré
Pois céu, mar e alma nesta terra são um só
E a vida é o marinheiro que tudo amarra em seu nó

A Morte governa na Terra, mas o céu é de Deus
E ainda que haja ódio, haverão os filhos teus
E, se a necessidade da Vida à porta vier bater,
confie na Esperança, ela irá te defender

Pois passado já se foi. O futuro é o que virá.
E após mil torturas, tua alma dormirá
E os filhos de teus netos esta vida irão herdar
Para um dia, junto a ti, a divina face contemplar

sábado, 21 de outubro de 2017

Ao Novo

Estive deitado na madrugada, navegando meus pensamentos.
No sofá, encarando a escuridão, me dei conta de que meu coração se apertava e minha mente tempestuava.
Então, de súbito, lembrei-me de ti. Imaginei como seria te ter deitada ali ao meu lado, conversando sobre a vida, relembrando mil histórias e rindo de cada uma delas.
Fiquei pensando como seria te encontrar e te abraçar como velhas almas que não se veem há séculos.
E, por mais surreal que pareça, jurei sentir meus braços te envolverem e seu coração bater forte contra meu peito. Jurei sentir nossas almas ressoarem no mesmo tom.
por um instante fomos eu e você, apesar de toda a distância. Por um instante nada mais no mundo me importou. E eu fui feliz.

domingo, 1 de outubro de 2017

Bunraku

Deixado de lado, ao léu
Jogado sem vida, sem ninguém
Ouve o silêncio, cobrindo como véu
Espera a resposta que virá do além

Esquecido, desacreditado
Sem esperança, nada resta
Perdido, desesperado
Vida, dele, não se lembra; nem ele desta

Tem medo, está sozinho
Procura apoio sem ter onde apoiar
Corre, porém não há caminho

Não sabe com quem deve estar
Se cansa de tudo, é feito de linho
E assim é levado pelas correntes de ar

Ser Humano

Corre sem pés
Navega o vazio
Cria o frio
e se envolve nas fés

Cria o universo
Molda o inexistente
Inventa o verso
Obedece ao tenente

Porém mata a si mesmo
Corrói como fogo
Destrói o meio
pra poder criar de novo

Inventa a morte
Carrega desgraça
Se faz impotente
Distinto de graça

Homem estúpido, insano e voraz
Maldita criatura, se julga sagaz
Homem mimésio, cego e frio
Toma tua prata e vá pro exílio

Terra esta a ti não pertence
É tu quem está no fim do poente
Pobre inocente, não se deixe enganar
Aqui não é, nunca foi, o seu lar

Aquece, aquece, esta esfera que habitas
Corrói, estremece, o equilíbrio das vidas
Cria, destrói, modifica este mundo
E verá sua ralé extinta num segundo

Esta é a sina que tu mesmo criaste
Essa é tua vida, suspensa na haste
Anda, continua, segue o teu rumo!
Que dessa sua história eu lerei o resumo

domingo, 3 de setembro de 2017

Les hommes d'argent

Ora, pois quem são os escravos de agora?
Dos quais Castro Alves teria pena?
São os descendentes dos de outrora?

Ah, como pesam os grilhões!
Ah a saudade de ser livre!
Corre, dragão dos céus!
Corre, desvia dos malditos arpões!
Viva! A morte te libere e da vida te prive.
Tira de teus olhos estes véus!
Pois mais vale o frio beijo da morte
que o ardor de viver sem liberdade!

Ora, malditas feras de concreto e ferro,
devoram homens e cospem máquinas.
Arrancam dos homens o coração
Nos torturam até o último berro
Ah filhos da tormenta de lágrimas
Permitem aos homens o prazer da negação
Guerra de almas, horror das fábricas...
Acorde, maldito forasteiro! Arranque as amarras!

Roupas pretas de linhos riscado
Pesadas máscaras de seda lustrada
Profundos olhos opacos e frios
Diferente dos mortos, cujos olhos sorriem
Rasga tua alma, deixa pra trás a amada
Esqueça o mundo e teus filhos
Pois tu à vida não pertence, a morte é o teu além

Liberta-te das correntes de Prada!
Oh burguês desvaecido
Manda pr'outro mundo seu tormento!
Tu és o maldito prisioneiro
És a cortesã de toda essa prata
Pensas que o dinheiro é amigo?
Ha! Olhe ao redor, quem sorri ao vento?
Por acaso és livre? Ou apenas outro estancieiro?

sábado, 19 de agosto de 2017

Do homem e seu trabalho

Deitado nos rios de lava
Seguindo a corrente desastrosa
Sob o olhar daquele que cava
Do destino, a terra ociosa

Frios homens sem coração
Apenas amam seu falso poder
Não obedecem à lógica ou à razão
Infligem o mal a bel prazer

Descanso as chagas da memória
Deixo minha mente cicatrizar
Malditos carrascos, escória!
Maltratam o homem qu'os obriga a pensar

Se dizem que o esforço traz sucesso
Criam a maior farsa desse mundo
Quem trabalha bem é foco do ódio
Torna-se vitima da inveja capital
Sem que tenha seu singelo alívio
Do tétrico trabalho abissal.

quinta-feira, 27 de julho de 2017

Pequeno grande Ser

Células simples e sempre diversas
Todo com incríveis formas complexas
Algoritmo da vida e, também, morte
Unidos por muito mais além-sorte

Somatória do diverso existente
Um mutualismo com lógica ausente
Organismo que vive de convívio
Que só por isso possui algum alívio

Oh sociedade, bela e colossal
Homens células regem seu poder
Diversos homens juntos, afinal

Não há ser que viva sem satisfazer
Os desejos de seu todo abissal
Cujas partes, a sós, pensam viver

sábado, 15 de julho de 2017

Iebraglê Noto

Virgem dos lábios de mel...
Oh, gloriosa mulher!
De virgem só tens o coração
E de coração, apenas o órgão

De mel apenas palavras,
pois a mente exala amargura
És uma virgem tão bela e pura
Que para seu encanto não há cura

Se com 10 homens esteve
A nenhum jamais se absteve
Tua vida se resume ao caos
Da loucura mórbida das velhas naus,
que navegam no tempestuoso mar de sua alma.

quarta-feira, 12 de julho de 2017

Passados

Haverão olhos a encarar?
Haverão pensamentos a imaginar?
Ora, o passado já não é e nem será,
mas a lembrança sim, deixa estar.

Os pássaros migram em ciclo,
retornam ao lar onde nasceram.
Por gerações vivendo a memória
d'um passado que nunca viveram.

Espelhos d'água que o Céu refletem
são os lagos da vida sob a pele do homem.
Como nos mares em que eles se perdem,
a alma se agita e os monstros se escondem.

É assim no profundo oceano
e também no infinito céu.
O tempo foge ao humano
e este se deixa vendar por tal supremo véu

domingo, 18 de junho de 2017

Loucura, Oh loucura

Sozinho caminha o homem
pelos vastos montes da vida,
atravessa mares na lida
e no deserto d'alma dorme.

Solidão não é tortura.
E triste não é a loucura.
Loucura sim é viver
em prol do mero prazer

Narcisismo ou razão?
Já vos disse e torno a dizer:
Realidade é pura invenção.

Sejamos loucos a bel prazer,
pois os fatos não têm solução;
são mentiras em que adoramos crer.

segunda-feira, 12 de junho de 2017

Filhos da Mantiqueira

Belas serpentes aladas
Negras, rubras e alvas
Saltam nos galhos a caçar
Pássaros para se alimentar

Carregam nos olhos o purpúreo do mar
E nos bicos o sanguíneo amarelo
Sob as penas um crepúsculo de ar
Borrão preto de vidas em paralelo

Símbolo da juventude
Dos guerreiros a virtude
Como são belas as criaturas
Filhas das próprias usuras

Trovoam a tremer de bicos
Em bandos permeiam o ar
Colorindo cinzentos picos
São tucanos que se fazem amar

domingo, 4 de junho de 2017

Lux

Por onde a luz se espalha
Correndo em liberdade
Aos cantos arrasta garvaia
Alvo manto isento de idade

Além da vista ou da razão
Realidade é mera invenção
Surreal mais que o real
Imaginária é a verdade banal

quarta-feira, 17 de maio de 2017

Lembranças?

Como um cadáver carrego
Estas memórias do falso passado
Há tempos tenho esperança, não nego
Agora me cansei do mal amado

Calúnias e mentiras pelo ar
Fofocas como urtigas a matar
Me cansa ter sido tão cego assim
Entristece que tenha dito sim

Mas ora, aquilo não é parte de mim?
Penso que não, pois dela não é
Por que raios continuo assim?

Juro não saber caminhar a pé
Pois a cama me prende ao fim
O sono domina e esqueço a fé

quarta-feira, 10 de maio de 2017

Sopro da Morte

Ao caminhar por corredores de pedra calcária à vista dos nomes gravados nas paredes. Sobre mármore ressoam meus passos e pelos tetos o silêncio urra. Nas mentes dos caminhantes tal silêncio não existe, ignoram seu apelo por socorro. Conhecem bem a voz que chama, é a morte outra vez sussurrando.
Sabe onde estão os campos? O ferro frio sobre o qual deitam os homens? Ora, quem lhe disse que ainda têm vida? Quem pensou em tamanha heresia?
Pétridos corpos escamados e dilacerados. São bolos de carne, amontoados de células. Tão frios e duros que todos fingem mexer com pedras. Como se a vida jamais os houvesse habitado. São metidos em potes com todo o cuidado. Expostos ao Sol como espécimes para estudo.
Por mais que as cruzes e placas evoquem o cuidado, todos ignoram a história destas pessoas, não as veem como parentes que merecem respeito. Onde está a poesia da Morte? Onde estão os médicos humanos? Se estes estudantes até a morte ignoram, ouvirão os vivos que estão nos braços dela?
Enquanto alguns veem força neste ato, esquecem-se que vida e morte são irmãs. Juntas moldam a própria existência e juntas fazem seu coro em harmonia. Sem uma, a outra se perde.
Portanto, conhecer e ouvir o canto da Morte é só o que permite manter acesa a chama da vida. Como a brisa que o fogo aviva, o sopro da Morte incendeia o coração dos vivos que o sentem.

quarta-feira, 3 de maio de 2017

Indecisão

As vezes me pego só, a pensar
Se haverá qualquer outra opinião
Ou se sou eu que estou sempre a falhar
Ou é o que grita meu coração

Não estou certo do que devo sentir
Se escolho ou deixo por mim escolher
Ou se nessa escolha estarei a mentir
Ou é meu destino que faz valer

Será que alguém algum dia saberá?
E morrerei eu sabendo da vida?
E algum dia a vida a mim conhecerá?

Afinal, enquanto escrevo na ida
estou realmente vivo será?
Pois acabo de chegar na partida...

quarta-feira, 26 de abril de 2017

Campo florido

Flores cinzas, brancas, negras e opacas
Cobrem os jardins de vãs esperanças
Deitadas eternamente sobre férreas placas
Enquanto suas irmãs jogam-se às danças

Pequeninas flores, por que não desabrocham?
Já passou a primavera, tantas primaveras...
Suas irmãs já são árvores agora, sabiam?
Já não lembram de vós, mas são tão bonitas...

Pequeninas flores, por que não têm nome?
Por que ficam mudas há tanto tempo?
Florezinhas, por que sua cor some?
Por que me ignoram? Me deixam ao vento?

Ora, florezinhas, saiam logo desses vidros!
Estou a falar sozinho? Não me respondem mais...
Parem de nadar, pequeninas. Corpos tão rígidos
Meu Deus, serão as flores mortos neonatais?!

segunda-feira, 17 de abril de 2017

Prisioneiros

Desde o nascimento o cárcere está presente. Ligados ao útero sem opção, pois a sobrevivência depende disso. O primeiro respirar é a algema que nos prende pelo resto da vida, uma prisão maior, mas ainda uma prisão.
A cada dia se torna pior e a cada dia mais correntes se enrolam e apertam. E o carcereiro é a própria vida que açoita os homens com o chicote do tempo. Homens que se libertam tornam-se moribundos, pois fora do cárcere nada mais há.
Infelizmente assim pensam os homens, pois, ao olhar pelas janelas de ferro não veem além. Uns poucos roubam as chaves e fogem; menos ainda conseguem verdadeiramente ser livres.
As chaves somos nós, só os que percebem tal coisa escapam. Enquanto não abrirmos os olhos, os açoites da vida continuarão a nos sangrar e a nos deixar marcados. Muitos abrem os olhos apenas na morte, mas então já é tarde demais.

quarta-feira, 12 de abril de 2017

Guerra Média

Travando batalha constante
Correndo entre morte e vida
Morrendo a cada instante
Lembrando de sua partida

Oh soldado de sina maldosa
Oh leal servo da saudade
Por que não vais ao Árcade?
Lá está sua deusa curiosa

O hálito da morte permeia o ar
Apodrece o vivo que chega
Tétrica face faz encantar
Nos campos de ferro não nega

Memórias esquecidas e submersas
Em conserva nas câmaras do amanhã
Lute, guerreiro, contra as desavenças
Desconhecido poeta, alma sã

segunda-feira, 10 de abril de 2017

Prima dos sonhos...

Meu amigo de longa data
Por anos te acompanho
Minha índole é exata
E para ti não sou estranho

Sei que vem sofrendo há muito
E a culpa cabe a mim
Perdoe o meu descuido
Mas prometo à sua dor dar um fim

Sou amigo, não carcereiro
A vida é o cárcere, eu o vigia
Porém sou eu o carniceiro

A todos liberto, mas é antropofagia
Dentre os sofredores, sou o primeiro
Por isso vos devoro com toda alegria

domingo, 2 de abril de 2017

Desabamento

As tristezas que alejam
As dores que torturam
O tempo que não passa
É incrível que não se esqueça

O alento nunca vem
E apenas a máscara se move
O interior está aquém
E no espírito apenas chove

O esquecimento não chega
Mas aos poucos desaparece
E a mente torna-se cega

O espírito aos poucos perece
A casca resta e não nega
Onde está o homem que à casca pertence?

sexta-feira, 31 de março de 2017

Amanhece

Toda noite se perde no olhar
Dos homens que saem para matar
Sem medo ou pena no coração
Homens que não conhecem o perdão

O caçador que mira além da lua
Jamais percebe o garoto na rua
Que hora se levanta a cantar
Apenas para cair sob o luar

Canta, rouxinol... sonha uma vez
Que um dia o amor será real
Sem que aquilo que se fez
Volte ao mecânico carnal...

Por entre sabiás e gafanhotos
Dentre cantos de bichos e garotos
Chora aquela pequena bela mente
Que permeia tal coração doente
Pra encantar a alma incandescente
Da aurora de um velho espírito ardente

segunda-feira, 6 de março de 2017

Iluminada

Musa dos olhos opacos
Anjo da pele perolada
Sorriso que revive os fracos
Luz que ilumina a estrada

Filha santa de Deus
Perfeita aos olhos meus
Não há homem digno de ti
Sequer os santos em si

Quem dera eu, mero pecador
Pudesse sentir teu coração
E dar prova do meu amor

Se de Deus eu busco perdão
De ti, quero o calor
De um sorriso, simples emoção 

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Via Veritas

Austeros olhos atentos ao nada
Ricos homens passam por esta estrada
Forçado golpe contra a humanidade
Ato sombrio e sem qualquer humildade

Não veem o pobre caído no chão
Sequer sabem que foi morto em vão
Pra que alguns enriqueçam, ele morreu
Não seu corpo, mas sua alma derreteu

O rico continua sempre andando
Pensa que é o pobre quem perdeu sua vida
Enquanto é o morto que está caminhando

Cada um segue com a memória vívida
Do futuro a todos nós esperando
No esplendor do que chamamos pós vida

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Aquela amada

Medos e paixões quando dormem
Tal é a força da criação do homem
Que nos Campos Elíseos se deixa estar
Enquanto nadava noutro profundo mar

O ouro que dantes havia amado
Agora mostrou-se pau de arado
Madeira de lei, lisa, não ondulada
Diferente da onda cacheada

Mesma pérola permanece na ostra
A mente que não se abre à mostra
Quem diria, a madeira era valiosa
E o ouro servia apenas pra tosa

Poderia saber da venda que cegava?
Ou sequer da alta voz na fava?
Pois digo que quando vos falei
Foram os outros que me fizeram rei
Nunca quis por máscara sobre mim
Mas aconteceu, e com isso vi meu fim

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Of Heart and Brain

And when your own family looks to the other side of the world just to congrat some young artist or scientist, you just look, listen and wait for your time.
When your country doesn't know who you are or what you're doing for it. When just one of your friends give a second to appreciate your work...
But I've got you. Greeks, Americans, French. All of you are just watching me doing more and more what I love to. You, people over the ocean. All I got to say is for you. All my thanks are for you. The ones that saw my amateur art and inspired me to continue doing the work I ever wanted to.
When I see your desire of art I think of all the others that are behind the unbelievable door of proximity.
Take a look around, we all live in a paradise. A paradise full of artists, scientists and Da Vincis.
When people look over oceans to applaud the young foreigners, their own prodigies crumble in the streets of failure and get support from other Over-Seas.
Let us just give our support to the ones that are around us, the ones that can bring brightness to our little place called Earth.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Brilho das trevas

Pequenas gotas do orvalho caem
Tornam úmido o ar do meio dia
Por este mundo onde a vista se fia
E de onde todas paixões saem

Servo constante de Deus é a natureza
Onde Ele colocou a si e sua riqueza
Para durar eternamente sob o céu do depois
Deus criou aquilo que o homem expôs

Sob folhas de verão que caem na tarde
O poeta resplandece com a força desta arte
Como Deus pintasse um céu só para ele
E fizesse a terra para vista daquele
Que sob luz faz perdurar as trevas
E sob a cruz ri de suas Evas

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Fênix gélida

Deitada em minha cama
Com seus olhos a vibrar
Esperando aquela chama
Novamente nos domar

Sem pensamentos sobre o resto
Olhos nos olhos, pele na pele
Mas ora, que eu seja honesto
Não há pacto que aí não sele

Os lábios devoram o amor
Enquanto as pernas ameaçam tremor
Todo o corpo num só impulso:
Tornar-se um a todo custo.

Fogo e gelo éramos nós
Em eterna luta pela foz
Do rio crescente de nosso prazer
Que hora ou outra iria perecer

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Madrugada

Pálidos seios sobre o peito
Corpo que ao outro se une
Envolvidos por este incrível feito
Que aos ânimos selvagens mune

Entre línguas e carícias pela pele
Fogo é esfriado até que se gele
Meu corpo que queima por ti
E o teu que se contorce aqui

Quando ao teu ouvido palavras foram ditas
Mais reais que todas as outras lidas
Foi então que tive teu ser num instante
Envergando o corpo pelo prazer constante

Teus lábios todos por mim beijados
Carinhos que apenas eu sabia lhe fazer
Cada segundo te fazendo gemer
Durava mais quando estávamos calados

quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Ressurreição

E um século depois
Ou ao menos parece ser
Ela ressurge pra me satisfazer
Como se ainda houvesse nós dois

Na gélida e cálida noite
O frio se enche de calor
Com as chamas do que chamei amor
Como estalos do chicote D'açoite

Ora, não mais nela deveria pensar
Suas memórias não deveriam existir
Muito menos nestas horas sair
Quando eu menos espero me lembrar

Doce sonho de amargura
Daqueles tempos qu'eu feliz era
Quando o futuro não me dava espera
Foi lá que conheci a minha cura