sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

XIX

Tenho pena dessas pobres almas incapazes de reconhecer o amor quando veem.
Incapazes de amar. Almas tão sujas que sequer o próprio ser consegue trespassar.
Corações tão afogados em uma profusão de mágoa e amargura.
Olhos que refletem o nada, o vazio. Que não possuem brilho ou vida qualquer.
As janelas da alma que na infância resplandecia, hoje jazem trancadas, bloqueadas por concreto e aço.
O ser torna-se uma prisão para sua própria vida.
A existência perde o sentido.
E assim vaga pelo mundo um corpo opaco, uma rocha ambulante e crescente que engole pouco a pouco a luz restante.
Fácil se torna fazer qualquer coisa. Sem uma alma à mostra, o Inferno toma o leme.

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